Selo Unale
Audiência em Parnamirim debate hiperconectividade e reforça campanha da ALRN

11/07/2025

A Câmara Municipal de Parnamirim recebeu, nesta sexta-feira (11), uma audiência pública sobre os impactos da hiperconectividade na vida dos adolescentes, com plenário lotado por estudantes da Escola Estadual em Tempo Integral Dr. Antônio de Souza. O debate foi proposto pelo vereador Professor Ítalo, mas ganhou amplitude ao reforçar a campanha institucional da Assembleia Legislativa do RN, que em 2025 foca na adolescência como tema prioritário de conscientização e políticas públicas.

A campanha “Adolescência: acompanhe, compreenda e acolha”, lançada pela Assembleia no início do mês de junho, tem como objetivo ampliar o diálogo entre gerações e chamar a atenção da sociedade para os desafios enfrentados pelos jovens em uma era dominada pelas redes sociais e pelo uso excessivo de telas. A participação da ALRN na construção desse debate foi destacada por diversas falas durante o encontro em Parnamirim.

A diretora administrativa da ALRN, Dulcinéa Brandão, destacou a iniciativa da Assembleia Legislativa e do presidente Ezequiel Ferreira ao dar luz a esse tema, enfatizando a necessidade de atenção e olhar diferenciado para essa fase da vida. “Temos uma sociedade que precisa dessa atenção e eles precisam de políticas públicas e um olhar diferenciado”, disse.

Abrindo os trabalhos, o vereador Professor Ítalo ressaltou que o objetivo não é combater a tecnologia, mas aprender a usá-la com equilíbrio. “Vivemos conectados, mas precisamos ensinar os jovens a se conectarem com consciência. O uso excessivo pode gerar problemas sérios de saúde mental e afetar o desenvolvimento”, afirmou.

O psicólogo Michel Macedo reforçou essa ideia ao dizer que os adolescentes estão sendo mal compreendidos pela sociedade. “As transformações sociais profundas e a hiperconectividade são os maiores impulsionadores das queixas emocionais. Precisamos proteger esses jovens com urgência”, alertou.

O hebiatra Genner Barbosa explicou que a exposição intensa às telas atua como um mecanismo de vício, provocando picos de dopamina semelhantes aos causados por substâncias químicas. “É como uma droga. A recompensa é fácil, mas rasa. Isso impacta o desenvolvimento cerebral e emocional dos adolescentes”, destacou.

Durante a audiência, a psicóloga Débora Sampaio, apresentou a palestra “Acompanhe, Compreenda, Acolha” - título que sintetiza a essência da proposta institucional. Ela falou sobre os altos índices de transtornos mentais entre adolescentes e a urgência de escuta ativa e apoio emocional por parte da família e da escola.

O presidente do Conselho Tutelar I de Parnamirim, Mathaus Richardson, sugeriu a implementação da educação digital nas escolas como caminho para enfrentar o problema. “O excesso de telas está afetando o crescimento cognitivo das crianças. Precisamos também ampliar o acesso ao atendimento psicológico na rede pública”, defendeu.

A professora Maricele, representando o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Condica), e a educadora Dinamene Rego, docente de sociologia e do componente Projeto de Vida, elogiaram a participação dos estudantes no debate. “Eles são críticos, questionadores e conscientes. A gente veio de uma geração em que não era ouvido. Agora é nossa vez de ouvir, acolher e garantir espaço para essas vozes”, disse Dinamene.

Um dos momentos mais marcantes da audiência foi a participação dos adolescentes. Como o depoimento do estudante Adriano Campos de Lima Júnior, de 17 anos, que criticou o debate restrito à proibição de celulares sem que antes se discuta a falta de alfabetização digital. “Pulamos uma etapa essencial. A população precisa ser informada e saber diferenciar o que é real do que é fake”, afirmou.

Ao ler um texto preparado para o momento, a estudante Ana Beatriz Viana, reforçou o posicionamento. “A educação básica no Brasil tem qualidade baixa desde sempre e isso vem prejudicando nossas gerações cada vez. Deixando elas propícias a serem dependentes das informações rápidas, como as de IA’s”, completou. Além do tema central proposto, eles trouxeram ao debate questionamentos que saem do ambiente digital e encontram o mundo analógico, como problemas estruturais no ambiente escolar que vivem e o excesso de cobranças.

Ao longo dos últimos 10 anos, a Assembleia Legislativa do RN já abordou temas como Adoção (2015), Doação de Órgãos (2017), conscientização aos temas relacionados aos Idosos (2018), Combate ao Abuso Infantil (2018); Conscientização do Autismo (2018); Alienação Parental (2019); Violência Doméstica (2020); Doação de Sangue (2021); Conscientização do Alzheimer (2022); Feminicídio (2023); Paz nas Escolas (2023); Capacitismo (2024) e agora Adolescência.

Álbum de fotos

Acesso Rápido