10/07/2017
Com o intuito de aproximar a população do objetivo da campanha “Julho Verde”, de estimular o desenvolvimento de ações educativas voltadas para as políticas públicas de saúde, bem como de traçar um diagnóstico da nossa rede de atendimento e de cobrar ações mais eficazes na prevenção do câncer de cabeça e pescoço, a Assembleia Legislativa promoveu audiência pública, na tarde desta segunda-feira (10), por iniciativa da deputada Cristiane Dantas (PC do B).
“As estatísticas desse tipo de câncer são preocupantes. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de boca é o segundo tipo mais frequente entre os homens, chegando a cerca de 18 mil novos casos por ano, no país. Entre as mulheres, tumores malignos na tireoide são os campeões, ficando em quinto lugar no ranking geral do instituto”, alertou a parlamentar.
A deputada ressaltou também a importância do estreitamento de laços entre as secretarias municipais e a secretaria estadual de saúde, a fim de que os pacientes sejam encaminhados ao tratamento com a maior celeridade possível.
O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP), Dr. Luís Eduardo Barbalho de Melo, informou que, nos últimos dois anos, nós tivemos 220 casos de câncer de boca, língua, cordas vocais e garganta, com a ocorrência de 75 mortes (o equivalente a 33%).
“O Câncer de Cabeça e Pescoço não deve ser entendido como uma pena de morte. Temos pessoas na plateia que se curaram há 5, 10, 20 anos. Mas a saúde tem que chegar pra todos, não só para os que têm condições financeiras. Nós temos municípios com uma (1) consulta por mês de oncologia, apenas. Então é preciso que os gestores conheçam o perfil epidemiológico da sua região, a fim de cuidarem melhor da população”, disse o médico.
O doutor Rostand Lanverly de Medeiros, cirurgião de cabeça e pescoço da Liga Contra o Câncer, fez uma explanação sobre um dos mais prevalentes câncer da cabeça e pescoço, que é o de laringe. “Essa é uma doença mais predominante nos homens (6 para 1), em que a idade média para o diagnóstico é de 60 anos. Sua representatividade é de 2% de todos os cânceres que atingem o corpo humano e de 25% dos cânceres de cabeça e pescoço”, esclareceu o médico.
Além disso, ele informou que, dos pacientes com câncer de laringe, 83% são considerados curados, o que se torna possível, principalmente, com o diagnóstico precoce. O cirurgião completa que “cigarro e álcool são os principais inimigos. O cigarro sozinho aumenta as chances de contrair a doença em 10 vezes. Com cigarro associado ao álcool, a chance de ter câncer de laringe sobe para 25 vezes. O médico alertou, ainda, para os sintomas de rouquidão, dificuldade de engolir, dificuldade de respirar e nódulos no pescoço, que podem levar o paciente ao diagnóstico de câncer de laringe.
A representante da Secretaria de Saúde de Natal, Dra. Sulene Cunha Souza Oliveira, médica oncologista, destacou a importância da prevenção primária, com medidas educativas, e frisou que a secretaria tem pactos com a Liga Contra o Câncer, o Hospital do Coração, o Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) e o Hospital Varela Santiago, porém os recursos ainda são insuficientes para promover maiores parcerias com outros municípios do estado.
A fonoaudióloga da Liga Contra o Câncer, Maria Alice Cavalcanti, explicou que a atuação dos profissionais da sua área acontece no pré e no pós-operatório. “Nós conversamos previamente, damos as informações ao paciente de como será a reabilitação e o tratamento pós-operatório e, 20 dias após a cirurgia, já recebemos o paciente e programamos a sua terapia”.
Maria Alice esclareceu que “a cirurgia de retirada das cordas vocais causa muito impacto na vida do paciente. Ele sofre muito preconceito, porque a doença é visível, então há um problema emocional e físico. Por isso, o paciente necessita não só da fonoaudiologia, mas de uma equipe multidisciplinar, com psicóloga, nutricionista, assistente social, enfermeiros etc”. Além disso, ela destacou a possibilidade do paciente voltar a falar após o câncer de laringe, com a voz esofágica, a laringe eletrônica e a prótese vocal.
Cosme Pereira dos Santos, que faz parte do coral Voz do Amor e possui prótese vocal, falou, emocionado, que só os pacientes sabem o quanto é difícil ser diagnosticado com câncer e agradeceu muito a Deus e à equipe da Liga Contra o Câncer por hoje poder falar e participar do grupo. Todos os outros pacientes que contaram suas histórias de vida deram uma lição de superação e demonstraram sua alegria pela recuperação, além da gratidão à toda a equipe da Liga Contra o Câncer, que os ajudou a continuar suas vidas da melhor forma possível.
Além da deputada Cristiane Dantas (PC do B), propositora da audiência, estiveram presentes o deputado Hermano Morais (PMDB), que destacou o “Julho Verde” como uma iniciativa importante para garantir mais informação para a população, melhores cuidados preliminares e tratamento mais rápido, e o vereador Aldo Clemente (PMB), que ressaltou a importância da legislação municipal no apoio à causa.
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